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Felipe de Oliveira é jornalista, poeta e músico, mesmo que não tenha publicado ou gravado nada ainda, por enquanto, ou nunca. O fato de gravar ou publicar algo é o que faz de alguém jornalista, poeta ou músico? Penso que não. A essência vale mais! Tem que valer! Atualmente é funcionário público, durante 40 horas semanais. Nas 128 que restam, compõe músicas, escreve letras, poesias, reflete sobre a vida, filosofa... Dorme... Joga futsal e conversa fora. Enfim, vive de maneira peculiar cada momento, sem se importar se vai ou não ser lembrado ou reconhecido. Não é esse o objetivo. A ideia é viver o que se quer, o que se sonha, do seu modo, de acordo com o que se acredita.

terça-feira, 12 de janeiro de 2016

Messi, o melhor de sempre! Com a palavra, Xavi...

Merecidamente Messi ganhou mais uma bola de ouro, a quinta na carreira, coroando mais um ano em altíssimo nível. Desde 2007 Messi está, no mínimo,  entre os dois melhores futebolistas da temporada, sendo o número um em 2009, 2010, 2011, 2012 e 2015. Nunca se viu nada parecido. Que palavras podemos usar para se referir a Lionel Messi? Gênio? Extraterrestre? Expressões como essas já se tornaram clichês.

Com a palavra, Xavi, um dos maiores ídolos do Barça que, num relato maravilhoso, postado nas redes sociais, nos ajuda a dimensionar o que representa o argentino para a história do futebol, seja no âmbito profissional - no qual dispensa comentários - seja no pessoal - como ser humano.


Aos 28 Messi ganha sua quinta Bola de Ouro. Quantas mais ainda virão?

Obrigado, Leo

Que sorte tivemos nós, os culés. Sem ele, o Barça não seria o mesmo


Conheci Leo quando ele chegou ao vestiário do time principal, com 16 anos, mas já sabia sobre ele. Sergi Alegre, um amigo que trabalhou muitos anos nas equipes de base do Barcelona me anunciou um dia, num almoço: "Xavi, está subindo gente muito boa", disse ele se referindo à geração de Piqué, Cesc e companhia. "Mas tem um argentino que você não pode imaginar como é. Espetacular. Você vai ver".

Assim, já tinha ouvido falar dele quando o vi entrar no vestiário. Já olhei para ele de forma diferente, pois existem coisas que a gente percebe logo de cara. E Leo, além disso, tinha uma coisa muito difícil de ter: entendia o jogo, tinha bom passe e driblava qualquer um que colocassem na sua frente; deixava sentado no chão o melhor defensor que tínhamos naquele tempo. Logo depois de chegar, no seu primeiro ano, calhou de viajarmos juntos e descobri um rapaz educado, respeitoso, humilde, nada pretensioso. E nisso ele é exemplar, pois, sendo o que é hoje, sendo o maior de todos, mesmo assim, não perdeu esses valores, nem uma vírgula da sua humildade e do respeito pelos companheiros. Acredito que Leo nunca quis ser diferente dos outros.

Era diferente, mas só tinha 16 anos. Achava que ele era bom, mas também sabia que o futebol é muito complicado, que muitas coisas interferem, e nunca imaginei que ele se tornaria o melhor jogador da história. Desde que o conheci, ele nunca deixou de evoluir em nenhum sentido. Melhorou naquilo que já era bom e se tornou, além disso, um artilheiro. Antes, não fazia tantos gols, mas agora enfia todas, cobra faltas... E, como diz Pep Guardiola, domina todas as facetas do jogo. Nunca mais veremos nada parecido. Não só pelo que é capaz de fazer, mas também pelo tempo que já leva fazendo tudo isso. Outros duraram dois, três anos. Ele parece não ter fim.



Messi e Xavi comemoram gol em 2012. Dois dos maiores ídolos do Barça

A sorte que nós, os culés, tivemos foi que ele veio para o Barcelona. Sem ele, o Barça não seria o mesmo. Ele é a pedra angular de todos os sucessos obtidos pelo clube nos últimos dez anos. E isso é algo que não posso deixar de lado ao falar sobre Leo, porque é digno de elogio: você pode ter um ano bom, ou dois, mas ficar tanto tempo como ele faz expressa um caráter de vencedor incomum, próprio de alguém que não só gosta do que faz, mas que também é um perfeccionista, que nunca está satisfeito, que se faz dois, quer três. Todo mundo vê isso nos jogos, mas durante a semana é a mesma coisa, o que torna melhores os que estão à sua volta, pois é preciso se esforçar muito para estar à sua altura.

Esse caráter o leva a ficar enormemente mal-humorado quando perde uma partida. Ou a ficar muito triste, porque quer sempre ganhar. Nada o aborrece mais do que uma derrota. Lembro de vê-lo desolado no dia em que perdeu um pênalti contra o Chelsea e eles nos tiraram da Champions League. Mas também quando falhou contra o City, embora tenhamos vencido por 3 a 1. Você vai até ele e diz que não tem problema, e ele responde: “Sim, tem sim. Eu falhei”. É verdade que houve dias em que o vi irritado com ele mesmo, com tudo o que havia ao seu redor e com o mundo em geral, mas quem nunca teve isso? Além do quê, não deve ser fácil administrar o fato de ser o número um, e ele, em 99,9% das vezes, faz isso maravilhosamente. Por isso, está mais do que desculpado, porque ele compensa isso de sobra com a felicidade com que ele contagia qualquer um que goste de futebol.

Pessoalmente, eu me considero seu amigo. Como pessoa, é introvertido. Tem dificuldade de se abrir, mas quando ganha confiança, é muito divertido, muito brincalhão. Com uma ironia muito boa. E um coração enorme, uma ótima pessoa. Tem sempre um tempo para ajudar quando lhe pedem. “Olhe, Leo, um amigo me pediu umas chuteiras para uma fundação de umas crianças...”. Ele pega, autografa e dá de presente. Sempre. Mas o que eu mais valorizo nele é que é um sujeito legal. Nunca engana você. Tem uma personalidade forte e quando não gosta de alguma coisa, não gosta mesmo. E não tente convencê-lo do contrário. Mas ele diz na sua cara. Com ele, eu sempre tenho a sensação de que jamais me trairá. Sem tem de me dizer alguma coisa, ele me diz e sei que nunca irá me apunhalar pelas costas. Messi só engana os zagueiros e o goleiro. E eu valorizo muito isso. Nesse sentido, somos muito parecidos. Obrigado por isso, Leo.

E obrigado por jogar como você joga, pelos seus deslocamentos, seus gols, seus passes e seus dribles, pelo que você deu ao Barça e ao futebol. E por ser como é.

E parabéns por mais uma Bola de Ouro. Você ganhou.

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